quarta-feira, 15 de setembro de 2010

LACTATO: Benéfico ou Prejudicial??


Associada incorretamente à chamada “dor do dia seguinte”, a substância pode tanto ser uma aliada na recuperação após atividade física quanto prejudicar o desempenho do atleta. Saiba o que fazer para que esse composto trabalhe a seu favor



1 - O QUE É?
O lactato é um composto orgânico produzido naturalmente pelo corpo humano e liberado na corrente sanguínea quando a via anaeróbica é acionada, como em exercícios de grande intensidade e curta duração. Quando transportado para órgãos como o coração e o fígado, por exemplo, pode ser utilizado como uma fonte de energia, auxiliando no processo de recuperação após a atividade física. É um excelente marcador para monitoração e avaliação da intensidade do treinamento.




2- Como é produzido?
O lactato é produzido pela musculatura esquelética e é um subproduto do metabolismo da glicose. Quando se pratica uma atividade de grande intensidade a via anaeróbica é acionada, diminuindo o consumo de oxigênio e levando à quebra da glicose. Nesta quebra, são liberados na corrente sanguínea uma molécula de lactato com uma de hidrogênio, que são transportadas por meio das proteínas monocarboxilatos – denominadas de mct’s – para o coração, rins, pulmões, cérebro, ovários e testículos.


3- O mito da “dor do dia seguinte!
Ao contrário do que se pensa, o lactato não é a substância responsável pela musculatura dolorida no dia seguinte à prática de atividade física. De acordo com o especialista em bioquímica pela UNICAMP e personal trainer Pedro de Paula Leite Aguiar, essa dor é provocada pela presença de micro-traumas nas fibras musculares. “No momento do exercício o atleta não sente a dor porque o hormônio do estresse é ativado”, explica. O especialista esclarece ainda que pesquisas antigas feitas em atletas associavam a dor ao aumento do ácido lático, quando na verdade acontecia devido à diminuição dos níveis de cortisol, um anti-inflamatório natural

4 - Desempenho prejudicado!
Realizando um panorama geral nas evidências científicas a respeito do efeito nocivo do acúmulo de lactato na corrente sanguínea, observa-se que a substância não faz mal à saúde do praticante de atividade física. Porém, existe um processo conhecido na literatura como acidose metabólica, em que a acidez no pH pode prejudicar o rendimento se o lactato não for removido após o esforço. A acidez do pH leva a uma mudança na conformação das enzimas, o que retarda o processo de recuperação. O pH muito ácido influencia em toda a atividade enzimática e as reações nos processos biológicos como o transporte, quebra de grandes moléculas, assimilação e distribuição de vitaminas e sais minerais, regulação do metabolismo, entre outros.

5 - Use-o a seu favor!
Um ponto importante para induzirmos a remoção do lactato da corrente sanguínea e o transporte da substância para órgãos como o coração e o fígado após um treinamento com grande magnitude é a realização de uma caminhada moderada como uma caminhada de aproximadamente 10 a 15 minutos com intensidade baixa. A prática de atividade física deve ser orientada por um profissional habilitado, que é apto a considerar a individualidade biológica de cada individuo através de uma prescrição de treinamento coerente, planejada e organizada.

6 - Exercícios que estimulam a produção!
Exercícios de curta duração e muita intensidade como é o caso do futebol, tiros de corrida de 100, 200, 400 e 800 metros e treinamento de musculação de grande magnitude induzem a uma maior produção de lactato porque utilizam as vias anaeróbicas.


7 - Como a suplementação alimentar pode te ajudar?
Segundo Pimenta (2005) a utilização da proteína do soro do leite whey protein hidrolisada auxilia na diminuição da produção de lactato e na remodelação do tecido danificado com o treinamento, levando a um estado de ganho de massa muscular.

8- Ácido lático ou lactato?
A polêmica em relação ao ácido lático ou lactato ainda gera dúvidas, pois livros científicos utilizam os dois termos. Para grande parte dos cientistas, escritores e profissionais da área, lactato é a mesma sustância que ácido lático. Porém, novas pesquisas demonstram que de fato o ácido lático não existe e a comprovação vem da Bioquímica: para que se forme um ácido, a substância deve necessariamente conter em sua estrutura COO + OH, o que não é observado na molécula do lactato. (COO + O Na+) “Podemos observar a veracidade da regra na estrutura do ácido lático”). Durante os exercícios anaeróbicos, que existe uma maior produção de lactato, ocorre a transformação de piruvato diretamente para lactato, e não para ácido lático, como era conhecido anteriormente.


Revista Suplementação - Ano 3 - Edição nº 7 - 22/03/2010